segunda-feira, 18 de julho de 2011

De repente.


De repente meu coração apertou, e no canto da cama onde me aperto a você esta sobrando espaço no sobrado que chamo de quarto. Não sei, talvez eu só esteja sentido falta de te sentir perto ou talvez seja falta do que me falta. E nessa noite onde o frio tenta me fazer companhia, tudo o que eu mais preciso é o seu calor para que ele possa entender que não é bem vindo aqui. Preciso de uma noite que pareça mal-dormida por todas as vezes que acordo só para beijar seu pescoço e ter certeza que tudo esta bem. Posso parecer dramático em meio a esse drama todo, e posso querer parecer necessitado em meio à necessidade do seu abraço-abrigo-protetor. Mas é que de repente, meu coração apertou e fez os pelos do meu braço arrepiar. Esse coração que aperta é o mesmo que muda o ritmo rotineiro quando vê um sorriso seu chegar sem avisar e invadir meu olhar. Olhar que pede fixo entre uma brecha da janela do quarto que você chame meu nome no portão – e não me importa se é noite ou dia. É que se é dia e não tenho você aqui, não chega a faltar o sol, mas a luz dos seus olhos me importam mais que um dia claro. E se é noite e você não esta aqui, a lua vem de braços dados ao frio e juntos tentam tomar conta do cantinho da cama que pede você. Mas é que de repente meu coração apertou e eu só pude fechar os olhos e pedir, feito criança que chora, um vento sobrado que me traga a sobra do seu perfume. E por fim, meu coração desaperte.



Texto um tanto antigo e uma tentativa de voltar com o blog.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

É, estou amando.


Estou amando uma menina de cabelos pretos e olhos castanhos: como se fosse pão-de-mel recém-saido-do-forno. E eu estou tão cheio de saudades, tão cheio de vontade. Já não tiro mais os olhos desse teto que se estende em cima da minha cabeça, que por sinal, esta bem mais longe que o próprio teto. E esse amor que tenho, que é ingênuo, amor que faz brilhar a menina dos seus olhos. Ah, se ela soubesse, se ela ao menos me olhasse e dissesse que me vê com os mesmos olhos. Ah, se ela aceitasse essa carta que escrevo como quem quer dizer, como quem quer recitar, um poema com frases simples e sem muito arodeios. E é tão notável esse meu amor que já me faço cego ao atravessar a avenida sem olhar para os lados e sem me preocupar com os carros. Isso me parece pressa de chegar ao outro lado, pressa de encontrar a menina de cabelos pretos e olhos castanhos: assim como o caramelo do sorvete que ofereço sempre como se fosse buquê-de-flor, e ela sorri, feito quem ganha tão valioso agrado. Sorri e me deixa mais amante ainda, por amar esse sorriso que me devora e me chama para atacar essa boca ainda melada de caramelo e sorvete. E isso é amor, junto com caramelo, sorvete e pão-de-mel. Isso tudo é amor. Isso que me faz dormir e acordar sorrindo feito criança que tem um sonho tão doce quanto seu beijo. É, estou amando uma menina de cabelos pretos e olhos castanhos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Perguntas inquietantes e um beijo que cala meus pensamentos.


Entre tantos feitos e criações de Deus esta uma a qual eu gostaria de entender o porque de suas infinitas linhas interrogativas. Olhares que me sufocam de tanto querer perguntar o porque de tamanha beleza. Será que não seria o primeiro erro cometido de Deus? Não sei, e essa é mais uma de minhas perguntas sem resposta. É por que eu paro e olho como quem quer entrar naquele corpo e descobrir onde se esconde a fonte que da tamanho brilho a aqueles dentes brancos. E fico paralisado, como se estivesse enfeitiçado, quando me enxergo no reflexo da menina dos olhos daquela menina. Olhar esse que para mim é como o meu mundo e me perco nele sempre que dou de frente com esse olhar-sem-saida. Porque tanto querer? Porque tanto calor aqui dentro desse coração que mais parece uma locomotiva-sem-destino quando encontra a dona de meus sonhos? Porque? Perguntas e mais perguntas rodeiam minha cabeça e já mudam a cor do meu cabelo. Perguntas e mais perguntas e a única resposta é que: Só não existe pergunta para quando minha boca encontra os lábios dela, e talvez seja por minha boca ficar coberta por um tal beijo que me cala até os pensamentos.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

É mais que necessidade.


Escrever hoje me pareceu necessário. Não sei de certo, mas me pareceu quase que com a necessidade de sentir seu perfume, seu cheiro. Senti necessidade do cheiro da tinta jogada nesse resto de papel dobrado. É, foi uma necessidade, uma simples necessidade de derramar aqui cada gota dessa saudade que transborda nesse meu meio-olhar que só se completa ao encontrar seu sorriso. É necessidade de mostrar-te esse amor que tenho aqui, guardado feito resto de dinheiro que eu escondia na minha inocência-de-moleque arteiro: e eu escondia por necessidade e por não querer que me tirassem aqueles dez centavos que me valiam mais que mil reais-contatos. E eu ainda guardo essa inocência, e a pouco, fechei os olhos como quem quer sonhar e gritei dentro de mim por um pedaço de lembrança sobrado do nosso ultimo encontro. E talvez seja essa necessidade que não me deixa calar e dizer a todos ouvidos que amar-te é mais que necessário: amar-te é como se eu tivesse encontrado a receita do pão-de-felicidade diária. Amar-te me consome a ponto de deixar escapar por entre esses dentes tortos que tenho e duas covas que aparecem em meu rosto um tal sorriso que só confirma o que tudo e todos já sabem. Amar-te é viver feito criança e não se preocupar se vai chover ou fazer sol, o que importa é que o dia amanheça e você esteja nele. Amar-te é mais que necessidade: é como se fosse o ar que respiro e que mantem meu corpo em pé. Talvez seja por isso que às vezes sinto que meu coração esta dividido ao meio e bate mais lento quando você se vai. É por necessidade daquele seu abraço que parece lenha para essa minha locomotiva-que-bate-no-peito.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ah, se eu fosse cobertor.



Tosse, dor de garganta e o sono que me falta. Antes eu até teria o motivo da sua ausência e a falta do calor do seu corpo que aquece minhas mãos para explicar uma noite mal dormida. Mas hoje não, hoje você esta ai, deitada e enrolada com esse cobertor, se aquecendo com esse calor artificial e esquecendo que meu corpo poderia ser cobertor. E como eu queria ser cobertor agora. Poder te enrolar em meus braços e te proteger do frio que vem com o vento a noite toda. Ah se eu fosse esse cobertor: esse mesmo com nosso cheiro entranhado a ele como se fosse um-pedaço-da-noite-passada. Se eu fosse cobertor agora e pudesse te cobrir o corpo todo...Me encostar feito rouba-justa e virar segunda-pele. Como eu queria ser cobertor, até mesmo aquele de lã-velha-e-verde que quase não esquenta, não importa. O que eu queria mesmo era ser seu cobertor.



Texto antigo e reeditado.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Verso e prosa.


Sobre ontem, eu não sei muito o que dizer, e sobre amanhã saberei menos ainda. Aprendo conforme as horas passam e logo em seguida me esqueço aos poucos. Não me lembro de muita coisa, e o que lembro tento escrever antes que esqueça. É como se fosse uma simples prosa entre amigos-antigos sobre a bela moça que passa na rua de paralelepípedo e pouco depois é esquecida por uma piada-sem-graça qualquer. Esqueço-me de tantas coisas que nem me lembro do que já esqueci, e para não esquecer o que deveria ser inesquecível faço do momento um verso ou outro, e assim não me esqueço. Já me esqueci dos amigos das prosas-antigas, porém, tenho linhas escritas a lápis-preto sobre um amor que já foi prosa e agora é um inesquecível momento, como um verso pouco legível e escrito rapidamente: porem fica ali, no papel, como se estivesse escrito na alma. Mas sobre ontem, o que posso dizer, é que li n’um desses versos rabiscados poucos antes de dormir, que foi em uma prosa num parque um tanto que longe de casa onde o motivo com um nome meio-dito de inspiração me tomou como seu. E o que posso dizer sobre hoje, é que entre o verso e a prosa, o pensamento que já é meu cúmplice e sabe aonde quero ir e quem quero ter em meus braços, me trás uma lembrança que não foi escrita: me lembrei do que não consigo descrever em versos e nem falar em prosa, me lembrei do seu primeiro olhar antes de encontrar o meu, me lembrei do teu sorriso e do teu cigarro entre os dedos, me lembrei do meu primeiro verso e da nossa primeira prosa e me lembrei, sem nenhum esforço, que senti um arrepio consumindo meu corpo quando você me pediu aquele abraço no fim-da-prosa, e esse virou o meu verso.


Texto antigo e reeditado.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pão do café da mañhã.



O amor não tem idade, cara bonita nem feia, ele é simplesmente amor e nada mais. Não pede provas e nem quer ser provado, ele quer mesmo é ser amor. Amor daqueles que ama sem olhar para trás, sem se perguntar por dias de amanhã e sem querer saber do passado que machucou: porque o amor é só amor e ama ser amado de verdade. O amor não fala aos surdos e nem se mostra aos cegos: ele só os toca e deixa que o sintam. Não culpe o amor por ter deixado marcas ou cicatrizes do passado, ele não tem culpa dos erros cometidos por quem ama só por amar. O amor é culpado por todo o brilho em olhares apaixonados, sorrisos infinitos e em abraços totalmente apertados como uma boa kitnet. E no mais, ele só quer ser amor e te alimentar como pão do café da manhã: Assim como sou alimentado pelo amor que tenho e que alimento todos os dias.

terça-feira, 22 de março de 2011

Aquela camiseta velha.


Hoje é um dia meio diferente: não que os outros dias sejam todos iguais. Mas hoje, hoje minha camiseta velha completa 13 anos: pouco tempo e tão sem sentido, não é? Talvez por que você não viva a vida como eu vivo. Nunca estive tanto tempo com uma pessoa ou coisa. Mas ela, minha camiseta velha, sempre esteve ao meu lado inclusive quando nos conhecemos. É, eu estava vestindo ela e não sei por qual motivo, mas acredito que ela me levou até você. Assim como me levou a conhecer Olinda, como esteve comigo em Maracajaú, como esteve comigo no primeiro abraço que recebi da minha mãe e tantas outras coisas. Simples, assim como quando penso em você, simplesmente não peço para pensar, só penso. E é simples o que sinto por você: e o valor eu não sei, na verdade, nem sei se tem valor algum. É como minha velha camiseta que não tem valor aos olhos alheios: talvez porque já mudou de cor, já esteve rasgada, já foi usada de mais, já esteve apertada e não é a mais bela de todas. E meu coração segue o mesmo rumo que ela: Já mudou de paixão, já esteve quebrado, rasgado, já esteve apertado, já foi usado por muitas e muitas vezes e também não é o coração do mais belo. Porem, assim como os 13 anos de minha camiseta ele se mantém comigo, fiel, leal e amante.


Texto antigo e reeditado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Quero uma dose do que me falta.


Estou mais magro a cada dia que passa. Olheiras consomem o meu rosto e me deixam com uma aparecia de ex-visitante-de-hospital. Não sei ao certo o que esta acontecendo: e nem quero saber. Fato é que tenho medo de estar totalmente doente: é, eu tenho medo de hospital, sempre tive. E hoje, depois de mais um dia de doses de lembranças que só alimentam a saudade, me senti fraco e com as pernas tremendo como se batesse um vento forte em varas-de-bambu. E não é de hoje que vem me acontecendo isso, me sinto mal quase que sempre: só não me sinto mal quando tenho Ela ao meu lado. Não sei se, de fato, me curo sempre que me alimento de sorrisos que nascem nos lábios dela, ou se eu simplesmente nem noto que minhas pernas estão fracas. É ruim admitir que não estou bem, e pior ainda é aceitar que estou cada dia pior. Nem mesmo meu sorriso meio fosco e torto aparece durante o dia, e meu olhar, esse já quase não me atrai de fronte ao espelho. Escrever tem me parecido uma tortura sem fim: fico angustiado e com as pernas balançando em movimento acelerado sempre que pego a caneta e qualquer resto de papel. Minha cabeça não esta pensando direito, e eu, sem muito entender, uso o telefone para injetar certa dose da voz que acalma minhas pernas e acelera o coração. E nesse meio tempo, entre a ligação ruim, a voz dela roca-e-prejudicada por uma certa gripe e a lembrança do nosso ultimo beijo que carrego dentro de minha mochila preta-e-cinza, eu sorrio para o céu e agradeço a quem possa estar me ouvindo. Agradeço por ser amado e amar, agradeço com um sorriso fosco e torto que surge e desvia a lagrima-escorrida p’ro canto da boca e que não é admirável, agradeço e peço para não me deixar faltar ao menos uma dose do que me mantem o coração nessas batidas que seguem o relógio-da-saudade. E agradeço por já me sentir melhor e até sorrir. Esse é o efeito da dose do meu remédio.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um dia e nada mais.




As horas que ainda tenho sem você estão me deixando mais louco a cada tic-tac do relógio. E agora, tudo o que eu queria era um dia e nada mais. Um dia em que ao acordar eu brindo com um beijo de noite-bem-dormida com você. Um dia em que eu não preciso procurar fora do quarto qualquer coisa que me faça sorrir: ao seu lado meu sorriso parece uma largata num casulo e nasce feito borboleta, assim, do nada. Nada mais que um dia em que eu possa dizer que te amo antes do chá ficar pronto. Um dia em que eu possa sentir seu abraço matinal como se fosse o da primeira vez que dormirmos juntos. Um dia que me falta no dia-a-dia de segunda a sexta quando tudo esta aqui: as lembranças, nosso cheiro, seus bilhetinhos, mas me falta aquele carinho que chega sem jeito e me deixa quieto como criança-carente. O que quero tem o nome de um dia e nada mais, como aquele primeiro, ou talvez como o segundo, ou o terceiro que te encontrei por ai. É um dia e nada mais que te peço, com sol ou com chuva, não me importa o mundo lá fora. O que quero me remete a saudade e me deixa a ponto de pensar na esperança que nunca tive até que me vi olhando para o relógio, de segundo em segundo, esperando que já se fossem mais de meio-dia. E as horas vão passando devagar como se o relógio estivesse sem força. O que eu quero é um dia e nada mais, e que o relógio não se recupere dessa doença que o deixa sem força nesse dia ou que o frio congele o tempo lá fora.

quinta-feira, 10 de março de 2011

É a dor.


É que a dor, quando é insuportável, foge como lagrima por intermédio dos olhos. É dor de saudade, que abate e não cabe nesse coração que bate em um debate diário de lembranças riscadas em papel velho. É dor, que por não ter mais o sorriso-guardião-mentiroso em seu rosto, não consegue se esconder em nenhum outro lugar que não seja os olhos. É dor de desamor ou amor-de-mais. É dor de estar sozinho, de se sentir até mesmo sem fôlego e querer respirar o perfume da bela-flor e não tê-la em meu jardim todos os dias. É dor transformada em gotas pequenas que riscam minha camiseta e nem chegam a tocam o chão. É dor e nada mais que ela: e se a saudade tivesse sobre-nome esse seria “dor”. É dor do que se dizem chamar “amor” e que sente falta do que o alimenta. É dor por me parecer forte e mesmo assim chorar, feito criança machucada, quando a noite chega e dormir sozinho não me parece tão melhor quanto ficar acordado e contar cada lagrima rolada no travesseiro até que o sono pese mais que minha própria solidão. É dor por saber que o relógio não conta até sessenta como eu quando contava brincando de piquesconde. É dor por saber contar melhor que há vinte anos atrás e ter a certeza de que hoje é noite-de-segunda-feira e o calendário pendurado na parede, que não me deixa esquecer, me disse que até sábado o travesseiro pode virar um pequeno lago. E a dor, seja ela da saudade ou coisa qualquer, parece ter uma sede-de-lagrimas insaciável e a todo instante me pede ao menos uma gota que seja.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Estações que vão ficando para trás.



Cada estação do metro que fica para trás me trás uma lembrança, e eu, meio que sem notar, monto nossa historia como se fosse um quebra-cabeça. O trem passa tão rápido quanto o tempo em que tudo aconteceu. Em ruas estranhas ou até mesmo conhecidas já estive com você andando de mãos dadas e sorrindo pro vento. Talvez eu jamais tenha sido tão criança quanto fui quando, dentro do trem, uma folha branca ou dados-de-brinquedo nos fizeram esquecer do tempo e quase não notar as estações passando. E ontem, enquanto tudo o que passava na janela ao lado me trazia pedaços de nós dois, eu sentia vontade de voltar, seguir o sentido contrario e te falar o que não consegui olhando nos seus olhos. Senti vontade de voltar, sentar naquele banco no meio daquela feirinha-de-sabado e ignorar o som do tempo que passava em cada relógio de pulso daquelas pessoas. Senti vontade de te olhar como quem deseja tocar. E no eco do som-aviso antes de cada estação eu já me encontrava perdido em pedaços-de-lembranças do seu sorriso que sempre me chama de besta, e talvez eu seja, talvez eu só queira ser besta e não ter a noção que o tempo esta passando e que ainda tenho algumas estações antes de chegar no meu destino, e pior, ainda tenho um resto de semana com o relógio de companhia e um leve cheiro do seu perfume sobrado em minha camiseta.

terça-feira, 1 de março de 2011

Pedido ao vento de depois das onze da noite.


Já se passa das dez da noite e eu tentando tirar da cabeça o que, por vez, não me deixa fechar os olhos e abraçar o sono. Sinto minha pele fria por fora, mas por dentro, estou tão quente quanto à lava de um vulcão. Erupção de lembranças: talvez seja esse o nome do que sinto. E em meio ao sono que me falta e uma noite solitária, o que me resta é sussurrar em um papel o que não me deixa dormir. Minha respiração fraca, meus pés inquietos e uma inspiração sem teoria levam meu olhar a um canto do quarto onde fios de cabelo, roupas jogadas, livros empilhados e um retrato antigo me remetem ao passado. Passado-ontem, passado-antes-de-ontem e passado bem mais antigo como o retrato. E eu, por pensar em tempo passado ou se não tivesse passado o tempo, pensei em dias em que a solidão só existiu pro resto do mundo lá fora e aqui dentro do nosso quarto nos fizemos solitários ao resto do mundo. E já se vai chegando às onze horas e eu ainda aqui cuspindo palavra por palavra nesse pedaço de papel e tentando encontrar o sono no meio do cobertor que tem a cor do seu batom vermelho. E entre a noite que se arrasta, o frio da minha pele e a saudade que sinto do mês passado, encontro num canto escondido da cama o seu cheiro de menina-dormida. E eu, sem muito esperar, me deito ali perto do canto e o sono parece me abraçar com o seu perfume que vem com o vento e me faz fechar os olhos. E assim, de olhos fechados, peço ao vento que te leve um abraço e um sussurro ao seu ouvido dizendo o que sempre te digo antes de dormir: “te amo!”

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Acredite.


Acredite, eu não sei mentir direito e quando tento me perco feito um cego numa rua lotada. Meu olhar me entrega cada vez que tento esconder em silencio que te amo. E é fato que meu silencio fala pelos cotovelos quando tento esconder. Acredite, eu não sou tão bom quanto pareço sem você. E é fato que sem você comigo até o macarrão fica sem sal e a vontade de comer só aparece do fim do dia. Acredite, eu jamais fechei os olhos, como quem vai dormir, para pensar em alguém. E é fato que meus olhos já se fecham sozinhos quando sentem sua ausência. Acredite, já me mudei tantas vezes que não posso mais contar nos dedos que tenho. E é fato que agora quero, simplesmente, mudar da casa que moro para a praça que fica perto de você. Acredite, há tempos eu não sabia o que era dormir até tarde. E é fato que com você aqui a cama é o lugar mais seguro. Acredite, trens eram apenas trens ao meu ver. Mas é fato que olhar você sorrindo me fazer esquecer do tempo e errar a estação. Acredite, eu poderia viver sem o bom e velho pão com mortadela. Mas é fato que viver sem seu beijo-doce é até possível, porem, eu não quero provar essa receita. Acredite, eu já quis ser sozinho. E é fato que a solidão de ficarmos só eu e você é bem mais vantajosa. Acredite, eu já guardei cartões velhos, camisetas antigas e até uma caneta sem tinta. Mas é fato de que o que guardo hoje são lembranças-recortadas da memória de nós dois. Acredite, eu quase não senti medo nessa vida. E é fato que o único medo que tenho, como se fosse uma criança, é de dormir e acordar sem você. E acredite, se da minha boca já saiu um som com tom de eu-te-amo é porque essa é a musica que quero cantar para você todos os dias ao acordar e antes de dormir como canção-de-ninar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É que sou tão humano.


É que sou tão humano que erro quando tento te mostrar que a saudade fica desenhada em minha testa quando você se vai e volta no fim de semana. E erro mais do que por ser humano, erro por ser amante. Por querer te carregar para todos os lados e por onde o vento nos levar, e esse erro é o pior da minha parte menino. É que sou tão menino que sinto minhas mãos suando sempre que erro e o frio na barriga me diz que posso te perder (Como senti da primeira vez que encostei meu corpo ao seu). Tentei desenhar nuvens que não fossem de ilusões em todas as tardes do mês passado e consegui teu abraço-protetor numa dessas. E foi errando que descobri o quão culpado sou por um dia em que não vejo nascer por entre esses lábios, que parecem montanhas a espera do sol, o brilho dos seus dentes que formam um tal sorriso-de-menina. E foi por errar e ser tão humano que deixei o seu olhar distante quando o que eu mais queria era o encontro do meu olhar ao seu. Errar é ser tão humano e imperfeito que é preciso amar para que as flores possam nascer e espalhar o bom perfume-do-desejo. E é por ser tão humano e por errar como tal que jamais terei um amor desses que se vê em livro ou revista-de-fim-de-mês para lhe dar: pois meu amor é descrito nas linhas que surgem no meu rosto quando te vejo chegar. Meu amor erra e pede desculpas por ser imperfeitamente-perfeito. Meu amor é pão-de-cada-dia e água que rega as flores que nascem aos montes no nosso jardim de felicidade. Meu amor é o nosso amor como se fosse pintura a dois. E é por ainda ser tão humano, errante e amante, que me perco andando na contra-mão entre o resto do mundo que busca ser amado e não amar: por medo de amar e errar – tolos. É que sou tão menino-humano que chego a falar do amor como se eu o conhecesse de muito tempo passado e até chego a sorrir sozinho por isso, e o amor, esse de quem eu falo e já errei com ele, sorri para mim e diz que estou no caminho certo: errando, mas amando e me apaixonando por ela todos os dias.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eu e meus sentimentos.


Tosse, tempo meio abafado, mosquitos chatos e uma puta dor de cabeça.
O que escrevo esta cada dia pior de se entender, não digo por ser ruim na idéia e sim nas letras: estão horríveis. Papel velho e uma caneta que mais falha do que escreve ajuda bastante e mesmo assim eu continuo tentando me explicar por aqui de uma forma erronia e sem cabimento nenhum. Mas hoje vou deixar toda essa cerimônia de lado e vou direto ao assunto: eu e meus sentimentos. A dor de cabeça é passageira e eu só espero que ela não leve consigo os meus pensamentos. Outro dia mesmo me perguntei por que já amei tanto nessa vida, se amar trás tanta dor de cabeça, e a resposta que tive, foi: Sou tolo! Amei sem ser amado e quando fui amado não amei. Meu amor foi sempre assim como eu, sem rumo e nem sentindo algum, amava de hora em hora e se mudava feito o vento que vem do leste-norte-sul-oeste e outros mais sem se importar com a seguencia correta com que deveria seguir. A atenção que me era dada me fazia apaixonado por um ou dois dias e logo depois me apaixonava por um outro qualquer olhar atencioso. Foi assim e assim continuou sendo por tempos em que eu pensei não ter fim. – E eu ainda acreditava que era feliz. – Mas o tempo também tem seu fim e como todo fim o meu tempo trouxe com ele um novo começo (Assim como ao fim das seis horas o inicio das sete vem em seguida). E todo inicio é complicado, mas esse chegou a ser mais complicado que aprender a andar de bicicleta sem aquelas rodas de apoio. Assim como é complicado tentar colocar uma gota de limão na boca e não fazer caras e bocas. Não quero dizer que o novo começo tenha sido azedo ou ruim, porém, eu jamais pensei ser capaz de me adaptar a um amor-nascente-verdadeiro. Da mesma forma que jamais pensei me aceitar com essa barba falhada e que teima em crescer sem jeito. Mas cada dia que nasce com o sol ou sem ele me trás a oportunidade de provar novamente o inesperado do amor que tenho cultivado em um canto reservado do meu moinho velho, e esse dia que passa e trás uma noite sem-fim, me coloca deitado na cama meio desarrumada só para sentir o cheiro de cada lembrança escondida em baixo do cobertor xadrez que usamos na ultima semana.

Foi por ai.


Foi por ai, andando sem rumo em meio a uma chuva que chorava e clamava um céu sem nuvens que conheci o acaso, e esse me levou a lugares os quais eu jamais vou esquecer. Não esquecerei por ser parte da lembrança que ainda tenho, como se fosse uma herança, como se fosse ouro em meio aos espinhos-de-rosas-esquecidas. E foi n’um acaso, um tanto que sem vontade, que me encontrei sentado em um quebra-mar pensando na vida, e pensei. E todas aquelas ondas que batiam naquelas pedras com uma força tamanha me roubavam a atenção sem que eu pudesse desviar o olhar. Um abraço forte entre água e pedra, um encontro infinito de dois corpos tão diferentes em todos os lados e sentidos, que até meu sentido se perdeu ali, naquele momento. Um encontro sem acaso, sem teoria descrita por filosofo, sem a preocupação do dia de sol ou chuva, sem temer a escuridão da noite ou o calor do dia, sem o medo da mudança das estações. E eu, por um instante, me quis em um encontro como aquele, me quis abraçado daquela maneira, sem medo, temor, preocupação ou coisa qualquer. Me quis tão amado quanto amante, me quis em um encontro como aquele de olhos fechados, como num sonho bom em todas as noites. E o acaso, que me veio como vento, me levou por varias esquinas desertas onde o cheiro da solidão fazia moradia em cada porta-de-casa. Solidão a qual eu já não queria mais fazer parte, solidão a qual o moinho-velho no meu peito não quer mais como sua moradora. E o acaso, que me veio como vento, me trouxe a lembrança da voz do mar, que como musica, declara seu amor aos quatro cantos de uma imensidão, e eu, caminhei minha imensidão, fui até onde meus olhos não enxergavam dois-palmos em minha frente. Dizem, que onde morre uma rosa ficam os espinhos, e como se fosse um cego, me furei em espinhos das mais belas rosas que encontrei no caminho, e assim descobri que o amor que me veio como rosa não é amor e os espinhos são a maior prova disso. E sem o acaso ou por um acaso, enquanto seguia o vento, descobri que por procurar demais onde queria que estivesse, encontrei onde não procurei o que eu quis encontrar na imensidão. Encontrei em um sorriso tímido que reflete o meu querer de moleque e n’um olhar limpo feito água de nascente-pura o amor sem teoria. Encontrei e não fiz barreiras para que meus olhos não pudessem enxergar, pois aconteceu como no quebra-mar – minha atenção foi tomada sem que eu pudesse desviar o olhar. E sem o acaso, descobri que enxergamos demais onde não se pode encontrar de-menos. E sem o acaso, descobri que não é preciso promessas de um amor eterno: é preciso silencio para que a pedra possa ouvir o bater do coração da água todos os dias.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Do começo ao fim



N’um dia de calor e longe de casa descobri o acaso junto ao começo de um fim.

Jamais acreditei em destino e esse, se existe, nunca se mostrou para mim. Já o acaso eu o ouvi pouco mais de um ano atrás. E foi n’um dia de calor, em uma dessas cidades onde tudo vira historia e quase tudo é historia, e o acaso era só mais um fato num boca-a-boca sem fim. Dia 18 ou talvez 19 de um mês qualquer de um ano como os outros, e eu estava ali, no começo de um fim. Fim o qual eu jamais pensei que fosse começar – mas começou. Começou com um som de vidro entrando em contato com o chão e partindo-se em pedaços – como minha atenção naquele momento: era um pedaço para cá e outro para lá. E em meio a risos estranhos e um certo grito indecifrável o acaso apareceu, mas eu ainda não pude o conhecer naquele momento: só ouvi. Ouvi e não guardei seu nome e nem tão pouco o som do grito, mas um pedaço do vidro quebrado tinha ficado comigo, e eu, sem muito saber, o carreguei comigo até o fim de um passado-começo que não foi por acaso. Entre dias que passavam como outros quaisquer e horas que só eram notadas por cada pôr-do-sol estava eu: e sem o acaso. Em um dia de sol-nascente-estranho me peguei dentro de um passaro de metal, chamado avião, como que por um acaso e lá estava eu novamente, em um lugar onde o mar-é-de-gente e são tantas as ruas nesse lugar que mais parecem veias cheias de um sangue com cor-de-automovel. Me encontrei em um lugar estranho, cheio de arvores ao redor de uma casa pequena e com uma pintura antiga cheia de mofo. E me coloquei deitado em uma cama ao som de ventos que migram do norte, sul, leste e oeste, sem avisar de que lado estão vindo e os mesmos trazem lembretes-de-lembranças onde eu encontro o pedaço do vidro quebrado e o som do sorriso. Os olhos fechados como se fossem dormir sem me avisar já me deixam desenhar, em um fundo escuro, o rosto do acaso. Os olhos fechados me remetem a lembranças de uma tal vida, de um tal rumo e só o que eu quero é o rumo-sem-rumo do acaso. E esses olhos foram os mesmos que esperaram impacientemente durante noites de pinturas em fundos escuros e dias em que o sol nasceu com um amarelo embaçado que atravessava minha janela meio-tímido. Olhos que sem fazer promessa para o acaso disse em tom-de-silencio: É por acaso e sem o destino que meus olhos estão de frente os seus, e é sem o acaso e nem tão pouco o destino que te quero em minha vida sem um “pra sempre”, mas quero-te do começo ao fim.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Me abrace


Abrace-me, é isso que te peço, é só isso que te peço no dia de hoje.
Deixe-me sentir-se seu e de mais ninguém. Deixe-me ficar na chuva ao seu lado sem me preocupar com as roupas molhadas. Beije-me e assim descubra os meus segredos escondidos sem nenhum por que. Queira-me como quem quer sem pensar no pecado. Venha-me sem orgulho e de olhos fechados. Faça-me seu entre os dias e noites de cada estação. E me guie, segure em minha mão e me guie por onde te faça feliz, por onde faça seu sorriso surgir e iluminar meu caminho. Ame-me e esqueça-se de tudo o que não for felicidade. Mas peço que não me ignore. Peço que não me deixes na chuva falando sozinho desse amor que tenho aqui dentro de mim e que sinto por ti. Peço que não me deixes de mãos abanando a procura da sua. Peço-te que não me deixes sozinho no escuro do nosso quarto e no frio dessa cama que só se aquece com você do meu lado. Não me queiras mal, pois sei que sou errante e me admito assim. E te peço que não chute meu amor como quem chuta uma lata em uma rua vazia. Peço-te que só me ame e deixe ser amada, e me abrace.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tudo hoje.


Precisei de atenção assim que acordei. Não sei ao certo, mas pode ser saudade, carência, ou talvez seja simplesmente vontade de um daqueles carinhos que você me faz. Falei com as paredes assim que levantei e não ouvi o “bom dia” de resposta, no corredor entre a cozinha e a sala, o silencio parecia se camuflar na tinta da parede, e essa, não queria ouvir meu novo desabafo. O corredor parecia mais apertado, como se tudo que eu falei antes de dormir ainda estivesse ali, esperando eu abrir a porta da sala para que saíssem. Pensei em voltar para a cama, deitar lá e ficar de olhos fechados fingindo estar dormindo, mas a cama também não esta tão bem assim comigo, não me quer como antes e durante a noite meu travesseiro fugiu de mim como nunca tinha feito antes: a cama parece sentir falta de um outro corpo, um outro alguém que só deixou fios de cabelo e um cheiro de perfume-grudado. No banheiro minha escova de dente me pareceu uma fita de vídeo-cassete e me mostrou a imagem-lembrança da sua boca suja com uma espuma branca e que aos poucos escorria na sua mão, seu sorriso gigante-e-esticado que engole a escova com facilidade: e ela em gritos pedia a sua boca. No espelho, meu cabelo meio-grande e despenteado, me faz querer um banho daquele meio-quente-meio-morno que tomamos juntos: e me falta algo, me falta alguém. Alguns passos para fora do banheiro e fico de frente a porta da sala, lá fora o banquinho onde já tiramos fotos-antigas esta quase coberto por um mato que não para de crescer. Cresce rápido e feito a minha saudade, a única diferença é que ele cresce alimentado pela água da chuva do ultimo mês e minha saudade por sua ausência dos últimos dias.