quinta-feira, 31 de março de 2011

Pão do café da mañhã.



O amor não tem idade, cara bonita nem feia, ele é simplesmente amor e nada mais. Não pede provas e nem quer ser provado, ele quer mesmo é ser amor. Amor daqueles que ama sem olhar para trás, sem se perguntar por dias de amanhã e sem querer saber do passado que machucou: porque o amor é só amor e ama ser amado de verdade. O amor não fala aos surdos e nem se mostra aos cegos: ele só os toca e deixa que o sintam. Não culpe o amor por ter deixado marcas ou cicatrizes do passado, ele não tem culpa dos erros cometidos por quem ama só por amar. O amor é culpado por todo o brilho em olhares apaixonados, sorrisos infinitos e em abraços totalmente apertados como uma boa kitnet. E no mais, ele só quer ser amor e te alimentar como pão do café da manhã: Assim como sou alimentado pelo amor que tenho e que alimento todos os dias.

terça-feira, 22 de março de 2011

Aquela camiseta velha.


Hoje é um dia meio diferente: não que os outros dias sejam todos iguais. Mas hoje, hoje minha camiseta velha completa 13 anos: pouco tempo e tão sem sentido, não é? Talvez por que você não viva a vida como eu vivo. Nunca estive tanto tempo com uma pessoa ou coisa. Mas ela, minha camiseta velha, sempre esteve ao meu lado inclusive quando nos conhecemos. É, eu estava vestindo ela e não sei por qual motivo, mas acredito que ela me levou até você. Assim como me levou a conhecer Olinda, como esteve comigo em Maracajaú, como esteve comigo no primeiro abraço que recebi da minha mãe e tantas outras coisas. Simples, assim como quando penso em você, simplesmente não peço para pensar, só penso. E é simples o que sinto por você: e o valor eu não sei, na verdade, nem sei se tem valor algum. É como minha velha camiseta que não tem valor aos olhos alheios: talvez porque já mudou de cor, já esteve rasgada, já foi usada de mais, já esteve apertada e não é a mais bela de todas. E meu coração segue o mesmo rumo que ela: Já mudou de paixão, já esteve quebrado, rasgado, já esteve apertado, já foi usado por muitas e muitas vezes e também não é o coração do mais belo. Porem, assim como os 13 anos de minha camiseta ele se mantém comigo, fiel, leal e amante.


Texto antigo e reeditado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Quero uma dose do que me falta.


Estou mais magro a cada dia que passa. Olheiras consomem o meu rosto e me deixam com uma aparecia de ex-visitante-de-hospital. Não sei ao certo o que esta acontecendo: e nem quero saber. Fato é que tenho medo de estar totalmente doente: é, eu tenho medo de hospital, sempre tive. E hoje, depois de mais um dia de doses de lembranças que só alimentam a saudade, me senti fraco e com as pernas tremendo como se batesse um vento forte em varas-de-bambu. E não é de hoje que vem me acontecendo isso, me sinto mal quase que sempre: só não me sinto mal quando tenho Ela ao meu lado. Não sei se, de fato, me curo sempre que me alimento de sorrisos que nascem nos lábios dela, ou se eu simplesmente nem noto que minhas pernas estão fracas. É ruim admitir que não estou bem, e pior ainda é aceitar que estou cada dia pior. Nem mesmo meu sorriso meio fosco e torto aparece durante o dia, e meu olhar, esse já quase não me atrai de fronte ao espelho. Escrever tem me parecido uma tortura sem fim: fico angustiado e com as pernas balançando em movimento acelerado sempre que pego a caneta e qualquer resto de papel. Minha cabeça não esta pensando direito, e eu, sem muito entender, uso o telefone para injetar certa dose da voz que acalma minhas pernas e acelera o coração. E nesse meio tempo, entre a ligação ruim, a voz dela roca-e-prejudicada por uma certa gripe e a lembrança do nosso ultimo beijo que carrego dentro de minha mochila preta-e-cinza, eu sorrio para o céu e agradeço a quem possa estar me ouvindo. Agradeço por ser amado e amar, agradeço com um sorriso fosco e torto que surge e desvia a lagrima-escorrida p’ro canto da boca e que não é admirável, agradeço e peço para não me deixar faltar ao menos uma dose do que me mantem o coração nessas batidas que seguem o relógio-da-saudade. E agradeço por já me sentir melhor e até sorrir. Esse é o efeito da dose do meu remédio.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um dia e nada mais.




As horas que ainda tenho sem você estão me deixando mais louco a cada tic-tac do relógio. E agora, tudo o que eu queria era um dia e nada mais. Um dia em que ao acordar eu brindo com um beijo de noite-bem-dormida com você. Um dia em que eu não preciso procurar fora do quarto qualquer coisa que me faça sorrir: ao seu lado meu sorriso parece uma largata num casulo e nasce feito borboleta, assim, do nada. Nada mais que um dia em que eu possa dizer que te amo antes do chá ficar pronto. Um dia em que eu possa sentir seu abraço matinal como se fosse o da primeira vez que dormirmos juntos. Um dia que me falta no dia-a-dia de segunda a sexta quando tudo esta aqui: as lembranças, nosso cheiro, seus bilhetinhos, mas me falta aquele carinho que chega sem jeito e me deixa quieto como criança-carente. O que quero tem o nome de um dia e nada mais, como aquele primeiro, ou talvez como o segundo, ou o terceiro que te encontrei por ai. É um dia e nada mais que te peço, com sol ou com chuva, não me importa o mundo lá fora. O que quero me remete a saudade e me deixa a ponto de pensar na esperança que nunca tive até que me vi olhando para o relógio, de segundo em segundo, esperando que já se fossem mais de meio-dia. E as horas vão passando devagar como se o relógio estivesse sem força. O que eu quero é um dia e nada mais, e que o relógio não se recupere dessa doença que o deixa sem força nesse dia ou que o frio congele o tempo lá fora.

quinta-feira, 10 de março de 2011

É a dor.


É que a dor, quando é insuportável, foge como lagrima por intermédio dos olhos. É dor de saudade, que abate e não cabe nesse coração que bate em um debate diário de lembranças riscadas em papel velho. É dor, que por não ter mais o sorriso-guardião-mentiroso em seu rosto, não consegue se esconder em nenhum outro lugar que não seja os olhos. É dor de desamor ou amor-de-mais. É dor de estar sozinho, de se sentir até mesmo sem fôlego e querer respirar o perfume da bela-flor e não tê-la em meu jardim todos os dias. É dor transformada em gotas pequenas que riscam minha camiseta e nem chegam a tocam o chão. É dor e nada mais que ela: e se a saudade tivesse sobre-nome esse seria “dor”. É dor do que se dizem chamar “amor” e que sente falta do que o alimenta. É dor por me parecer forte e mesmo assim chorar, feito criança machucada, quando a noite chega e dormir sozinho não me parece tão melhor quanto ficar acordado e contar cada lagrima rolada no travesseiro até que o sono pese mais que minha própria solidão. É dor por saber que o relógio não conta até sessenta como eu quando contava brincando de piquesconde. É dor por saber contar melhor que há vinte anos atrás e ter a certeza de que hoje é noite-de-segunda-feira e o calendário pendurado na parede, que não me deixa esquecer, me disse que até sábado o travesseiro pode virar um pequeno lago. E a dor, seja ela da saudade ou coisa qualquer, parece ter uma sede-de-lagrimas insaciável e a todo instante me pede ao menos uma gota que seja.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Estações que vão ficando para trás.



Cada estação do metro que fica para trás me trás uma lembrança, e eu, meio que sem notar, monto nossa historia como se fosse um quebra-cabeça. O trem passa tão rápido quanto o tempo em que tudo aconteceu. Em ruas estranhas ou até mesmo conhecidas já estive com você andando de mãos dadas e sorrindo pro vento. Talvez eu jamais tenha sido tão criança quanto fui quando, dentro do trem, uma folha branca ou dados-de-brinquedo nos fizeram esquecer do tempo e quase não notar as estações passando. E ontem, enquanto tudo o que passava na janela ao lado me trazia pedaços de nós dois, eu sentia vontade de voltar, seguir o sentido contrario e te falar o que não consegui olhando nos seus olhos. Senti vontade de voltar, sentar naquele banco no meio daquela feirinha-de-sabado e ignorar o som do tempo que passava em cada relógio de pulso daquelas pessoas. Senti vontade de te olhar como quem deseja tocar. E no eco do som-aviso antes de cada estação eu já me encontrava perdido em pedaços-de-lembranças do seu sorriso que sempre me chama de besta, e talvez eu seja, talvez eu só queira ser besta e não ter a noção que o tempo esta passando e que ainda tenho algumas estações antes de chegar no meu destino, e pior, ainda tenho um resto de semana com o relógio de companhia e um leve cheiro do seu perfume sobrado em minha camiseta.

terça-feira, 1 de março de 2011

Pedido ao vento de depois das onze da noite.


Já se passa das dez da noite e eu tentando tirar da cabeça o que, por vez, não me deixa fechar os olhos e abraçar o sono. Sinto minha pele fria por fora, mas por dentro, estou tão quente quanto à lava de um vulcão. Erupção de lembranças: talvez seja esse o nome do que sinto. E em meio ao sono que me falta e uma noite solitária, o que me resta é sussurrar em um papel o que não me deixa dormir. Minha respiração fraca, meus pés inquietos e uma inspiração sem teoria levam meu olhar a um canto do quarto onde fios de cabelo, roupas jogadas, livros empilhados e um retrato antigo me remetem ao passado. Passado-ontem, passado-antes-de-ontem e passado bem mais antigo como o retrato. E eu, por pensar em tempo passado ou se não tivesse passado o tempo, pensei em dias em que a solidão só existiu pro resto do mundo lá fora e aqui dentro do nosso quarto nos fizemos solitários ao resto do mundo. E já se vai chegando às onze horas e eu ainda aqui cuspindo palavra por palavra nesse pedaço de papel e tentando encontrar o sono no meio do cobertor que tem a cor do seu batom vermelho. E entre a noite que se arrasta, o frio da minha pele e a saudade que sinto do mês passado, encontro num canto escondido da cama o seu cheiro de menina-dormida. E eu, sem muito esperar, me deito ali perto do canto e o sono parece me abraçar com o seu perfume que vem com o vento e me faz fechar os olhos. E assim, de olhos fechados, peço ao vento que te leve um abraço e um sussurro ao seu ouvido dizendo o que sempre te digo antes de dormir: “te amo!”