terça-feira, 1 de março de 2011

Pedido ao vento de depois das onze da noite.


Já se passa das dez da noite e eu tentando tirar da cabeça o que, por vez, não me deixa fechar os olhos e abraçar o sono. Sinto minha pele fria por fora, mas por dentro, estou tão quente quanto à lava de um vulcão. Erupção de lembranças: talvez seja esse o nome do que sinto. E em meio ao sono que me falta e uma noite solitária, o que me resta é sussurrar em um papel o que não me deixa dormir. Minha respiração fraca, meus pés inquietos e uma inspiração sem teoria levam meu olhar a um canto do quarto onde fios de cabelo, roupas jogadas, livros empilhados e um retrato antigo me remetem ao passado. Passado-ontem, passado-antes-de-ontem e passado bem mais antigo como o retrato. E eu, por pensar em tempo passado ou se não tivesse passado o tempo, pensei em dias em que a solidão só existiu pro resto do mundo lá fora e aqui dentro do nosso quarto nos fizemos solitários ao resto do mundo. E já se vai chegando às onze horas e eu ainda aqui cuspindo palavra por palavra nesse pedaço de papel e tentando encontrar o sono no meio do cobertor que tem a cor do seu batom vermelho. E entre a noite que se arrasta, o frio da minha pele e a saudade que sinto do mês passado, encontro num canto escondido da cama o seu cheiro de menina-dormida. E eu, sem muito esperar, me deito ali perto do canto e o sono parece me abraçar com o seu perfume que vem com o vento e me faz fechar os olhos. E assim, de olhos fechados, peço ao vento que te leve um abraço e um sussurro ao seu ouvido dizendo o que sempre te digo antes de dormir: “te amo!”

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