segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Foi por ai.


Foi por ai, andando sem rumo em meio a uma chuva que chorava e clamava um céu sem nuvens que conheci o acaso, e esse me levou a lugares os quais eu jamais vou esquecer. Não esquecerei por ser parte da lembrança que ainda tenho, como se fosse uma herança, como se fosse ouro em meio aos espinhos-de-rosas-esquecidas. E foi n’um acaso, um tanto que sem vontade, que me encontrei sentado em um quebra-mar pensando na vida, e pensei. E todas aquelas ondas que batiam naquelas pedras com uma força tamanha me roubavam a atenção sem que eu pudesse desviar o olhar. Um abraço forte entre água e pedra, um encontro infinito de dois corpos tão diferentes em todos os lados e sentidos, que até meu sentido se perdeu ali, naquele momento. Um encontro sem acaso, sem teoria descrita por filosofo, sem a preocupação do dia de sol ou chuva, sem temer a escuridão da noite ou o calor do dia, sem o medo da mudança das estações. E eu, por um instante, me quis em um encontro como aquele, me quis abraçado daquela maneira, sem medo, temor, preocupação ou coisa qualquer. Me quis tão amado quanto amante, me quis em um encontro como aquele de olhos fechados, como num sonho bom em todas as noites. E o acaso, que me veio como vento, me levou por varias esquinas desertas onde o cheiro da solidão fazia moradia em cada porta-de-casa. Solidão a qual eu já não queria mais fazer parte, solidão a qual o moinho-velho no meu peito não quer mais como sua moradora. E o acaso, que me veio como vento, me trouxe a lembrança da voz do mar, que como musica, declara seu amor aos quatro cantos de uma imensidão, e eu, caminhei minha imensidão, fui até onde meus olhos não enxergavam dois-palmos em minha frente. Dizem, que onde morre uma rosa ficam os espinhos, e como se fosse um cego, me furei em espinhos das mais belas rosas que encontrei no caminho, e assim descobri que o amor que me veio como rosa não é amor e os espinhos são a maior prova disso. E sem o acaso ou por um acaso, enquanto seguia o vento, descobri que por procurar demais onde queria que estivesse, encontrei onde não procurei o que eu quis encontrar na imensidão. Encontrei em um sorriso tímido que reflete o meu querer de moleque e n’um olhar limpo feito água de nascente-pura o amor sem teoria. Encontrei e não fiz barreiras para que meus olhos não pudessem enxergar, pois aconteceu como no quebra-mar – minha atenção foi tomada sem que eu pudesse desviar o olhar. E sem o acaso, descobri que enxergamos demais onde não se pode encontrar de-menos. E sem o acaso, descobri que não é preciso promessas de um amor eterno: é preciso silencio para que a pedra possa ouvir o bater do coração da água todos os dias.

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