quinta-feira, 10 de março de 2011

É a dor.


É que a dor, quando é insuportável, foge como lagrima por intermédio dos olhos. É dor de saudade, que abate e não cabe nesse coração que bate em um debate diário de lembranças riscadas em papel velho. É dor, que por não ter mais o sorriso-guardião-mentiroso em seu rosto, não consegue se esconder em nenhum outro lugar que não seja os olhos. É dor de desamor ou amor-de-mais. É dor de estar sozinho, de se sentir até mesmo sem fôlego e querer respirar o perfume da bela-flor e não tê-la em meu jardim todos os dias. É dor transformada em gotas pequenas que riscam minha camiseta e nem chegam a tocam o chão. É dor e nada mais que ela: e se a saudade tivesse sobre-nome esse seria “dor”. É dor do que se dizem chamar “amor” e que sente falta do que o alimenta. É dor por me parecer forte e mesmo assim chorar, feito criança machucada, quando a noite chega e dormir sozinho não me parece tão melhor quanto ficar acordado e contar cada lagrima rolada no travesseiro até que o sono pese mais que minha própria solidão. É dor por saber que o relógio não conta até sessenta como eu quando contava brincando de piquesconde. É dor por saber contar melhor que há vinte anos atrás e ter a certeza de que hoje é noite-de-segunda-feira e o calendário pendurado na parede, que não me deixa esquecer, me disse que até sábado o travesseiro pode virar um pequeno lago. E a dor, seja ela da saudade ou coisa qualquer, parece ter uma sede-de-lagrimas insaciável e a todo instante me pede ao menos uma gota que seja.

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