É por meio da poesia em papel qualquer que o poeta se mostra humano, errante, ingênuo e desconhecedor do mundo em que se vive. É por meio de poesia que o poeta se mostra solitário em sua mesa-de-canto-de-quarto a meia-luz. Por meio da mesma poesia é que se pode enxergar como se escorressem lagrimas nos olhos do poeta quando descrevia ali o primeiro beijo naquele quarto escuro. E é na poesia em que o poeta desenha entre linhas e palavras a beleza do amor que nasceu em encontros às escondidas num canto reservado do parque. E é com letras incansáveis, palavras repetidas e inventadas que o poeta se faz admirador dos detalhes do olhar e sorriso da bela amada. É entre uma e outra poesia que ele coloca sua caneta no bolso, perto do peito, e a enche de tinta-de-te-querer. E é por meio de uma poesia que o poeta desenrosca tudo o que parece enrolado na sua caixa acima do pescoço e se mostra fiel a lembranças que nem mesmo o tempo consegue apagar. N’uma poesia o poeta é bem mais que escritor, é bem mais que um simples aparador de pensamentos. É n’uma poesia que o poeta se coloca em alma e se descreve apaixonado em realidade nua e crua. É na poesia que o poeta faz nascer o amor até mesmo no deserto-da-saudade. E é no meio de uma poesia feita de palavras cuspidas de uma tose de querer a quem se ama que o poeta toma o remédio do perfume esquecido em uma blusa de lã em seu quarto. E é em uma madrugada fria e solitária que a ultima poesia é escrita com lagrimas de saudade pingadas. E é nessa poesia de poucas linhas e de sentimentos escondidos dentre elas que o poeta sussurra no ouvido do vento para que ele leve a sua amada suas ultimas palavras: Amo você!
[É facil poetizar. Dificil é ser o poeta.]
[É facil poetizar. Dificil é ser o poeta.]