quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Acredite.


Acredite, eu não sei mentir direito e quando tento me perco feito um cego numa rua lotada. Meu olhar me entrega cada vez que tento esconder em silencio que te amo. E é fato que meu silencio fala pelos cotovelos quando tento esconder. Acredite, eu não sou tão bom quanto pareço sem você. E é fato que sem você comigo até o macarrão fica sem sal e a vontade de comer só aparece do fim do dia. Acredite, eu jamais fechei os olhos, como quem vai dormir, para pensar em alguém. E é fato que meus olhos já se fecham sozinhos quando sentem sua ausência. Acredite, já me mudei tantas vezes que não posso mais contar nos dedos que tenho. E é fato que agora quero, simplesmente, mudar da casa que moro para a praça que fica perto de você. Acredite, há tempos eu não sabia o que era dormir até tarde. E é fato que com você aqui a cama é o lugar mais seguro. Acredite, trens eram apenas trens ao meu ver. Mas é fato que olhar você sorrindo me fazer esquecer do tempo e errar a estação. Acredite, eu poderia viver sem o bom e velho pão com mortadela. Mas é fato que viver sem seu beijo-doce é até possível, porem, eu não quero provar essa receita. Acredite, eu já quis ser sozinho. E é fato que a solidão de ficarmos só eu e você é bem mais vantajosa. Acredite, eu já guardei cartões velhos, camisetas antigas e até uma caneta sem tinta. Mas é fato de que o que guardo hoje são lembranças-recortadas da memória de nós dois. Acredite, eu quase não senti medo nessa vida. E é fato que o único medo que tenho, como se fosse uma criança, é de dormir e acordar sem você. E acredite, se da minha boca já saiu um som com tom de eu-te-amo é porque essa é a musica que quero cantar para você todos os dias ao acordar e antes de dormir como canção-de-ninar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É que sou tão humano.


É que sou tão humano que erro quando tento te mostrar que a saudade fica desenhada em minha testa quando você se vai e volta no fim de semana. E erro mais do que por ser humano, erro por ser amante. Por querer te carregar para todos os lados e por onde o vento nos levar, e esse erro é o pior da minha parte menino. É que sou tão menino que sinto minhas mãos suando sempre que erro e o frio na barriga me diz que posso te perder (Como senti da primeira vez que encostei meu corpo ao seu). Tentei desenhar nuvens que não fossem de ilusões em todas as tardes do mês passado e consegui teu abraço-protetor numa dessas. E foi errando que descobri o quão culpado sou por um dia em que não vejo nascer por entre esses lábios, que parecem montanhas a espera do sol, o brilho dos seus dentes que formam um tal sorriso-de-menina. E foi por errar e ser tão humano que deixei o seu olhar distante quando o que eu mais queria era o encontro do meu olhar ao seu. Errar é ser tão humano e imperfeito que é preciso amar para que as flores possam nascer e espalhar o bom perfume-do-desejo. E é por ser tão humano e por errar como tal que jamais terei um amor desses que se vê em livro ou revista-de-fim-de-mês para lhe dar: pois meu amor é descrito nas linhas que surgem no meu rosto quando te vejo chegar. Meu amor erra e pede desculpas por ser imperfeitamente-perfeito. Meu amor é pão-de-cada-dia e água que rega as flores que nascem aos montes no nosso jardim de felicidade. Meu amor é o nosso amor como se fosse pintura a dois. E é por ainda ser tão humano, errante e amante, que me perco andando na contra-mão entre o resto do mundo que busca ser amado e não amar: por medo de amar e errar – tolos. É que sou tão menino-humano que chego a falar do amor como se eu o conhecesse de muito tempo passado e até chego a sorrir sozinho por isso, e o amor, esse de quem eu falo e já errei com ele, sorri para mim e diz que estou no caminho certo: errando, mas amando e me apaixonando por ela todos os dias.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eu e meus sentimentos.


Tosse, tempo meio abafado, mosquitos chatos e uma puta dor de cabeça.
O que escrevo esta cada dia pior de se entender, não digo por ser ruim na idéia e sim nas letras: estão horríveis. Papel velho e uma caneta que mais falha do que escreve ajuda bastante e mesmo assim eu continuo tentando me explicar por aqui de uma forma erronia e sem cabimento nenhum. Mas hoje vou deixar toda essa cerimônia de lado e vou direto ao assunto: eu e meus sentimentos. A dor de cabeça é passageira e eu só espero que ela não leve consigo os meus pensamentos. Outro dia mesmo me perguntei por que já amei tanto nessa vida, se amar trás tanta dor de cabeça, e a resposta que tive, foi: Sou tolo! Amei sem ser amado e quando fui amado não amei. Meu amor foi sempre assim como eu, sem rumo e nem sentindo algum, amava de hora em hora e se mudava feito o vento que vem do leste-norte-sul-oeste e outros mais sem se importar com a seguencia correta com que deveria seguir. A atenção que me era dada me fazia apaixonado por um ou dois dias e logo depois me apaixonava por um outro qualquer olhar atencioso. Foi assim e assim continuou sendo por tempos em que eu pensei não ter fim. – E eu ainda acreditava que era feliz. – Mas o tempo também tem seu fim e como todo fim o meu tempo trouxe com ele um novo começo (Assim como ao fim das seis horas o inicio das sete vem em seguida). E todo inicio é complicado, mas esse chegou a ser mais complicado que aprender a andar de bicicleta sem aquelas rodas de apoio. Assim como é complicado tentar colocar uma gota de limão na boca e não fazer caras e bocas. Não quero dizer que o novo começo tenha sido azedo ou ruim, porém, eu jamais pensei ser capaz de me adaptar a um amor-nascente-verdadeiro. Da mesma forma que jamais pensei me aceitar com essa barba falhada e que teima em crescer sem jeito. Mas cada dia que nasce com o sol ou sem ele me trás a oportunidade de provar novamente o inesperado do amor que tenho cultivado em um canto reservado do meu moinho velho, e esse dia que passa e trás uma noite sem-fim, me coloca deitado na cama meio desarrumada só para sentir o cheiro de cada lembrança escondida em baixo do cobertor xadrez que usamos na ultima semana.

Foi por ai.


Foi por ai, andando sem rumo em meio a uma chuva que chorava e clamava um céu sem nuvens que conheci o acaso, e esse me levou a lugares os quais eu jamais vou esquecer. Não esquecerei por ser parte da lembrança que ainda tenho, como se fosse uma herança, como se fosse ouro em meio aos espinhos-de-rosas-esquecidas. E foi n’um acaso, um tanto que sem vontade, que me encontrei sentado em um quebra-mar pensando na vida, e pensei. E todas aquelas ondas que batiam naquelas pedras com uma força tamanha me roubavam a atenção sem que eu pudesse desviar o olhar. Um abraço forte entre água e pedra, um encontro infinito de dois corpos tão diferentes em todos os lados e sentidos, que até meu sentido se perdeu ali, naquele momento. Um encontro sem acaso, sem teoria descrita por filosofo, sem a preocupação do dia de sol ou chuva, sem temer a escuridão da noite ou o calor do dia, sem o medo da mudança das estações. E eu, por um instante, me quis em um encontro como aquele, me quis abraçado daquela maneira, sem medo, temor, preocupação ou coisa qualquer. Me quis tão amado quanto amante, me quis em um encontro como aquele de olhos fechados, como num sonho bom em todas as noites. E o acaso, que me veio como vento, me levou por varias esquinas desertas onde o cheiro da solidão fazia moradia em cada porta-de-casa. Solidão a qual eu já não queria mais fazer parte, solidão a qual o moinho-velho no meu peito não quer mais como sua moradora. E o acaso, que me veio como vento, me trouxe a lembrança da voz do mar, que como musica, declara seu amor aos quatro cantos de uma imensidão, e eu, caminhei minha imensidão, fui até onde meus olhos não enxergavam dois-palmos em minha frente. Dizem, que onde morre uma rosa ficam os espinhos, e como se fosse um cego, me furei em espinhos das mais belas rosas que encontrei no caminho, e assim descobri que o amor que me veio como rosa não é amor e os espinhos são a maior prova disso. E sem o acaso ou por um acaso, enquanto seguia o vento, descobri que por procurar demais onde queria que estivesse, encontrei onde não procurei o que eu quis encontrar na imensidão. Encontrei em um sorriso tímido que reflete o meu querer de moleque e n’um olhar limpo feito água de nascente-pura o amor sem teoria. Encontrei e não fiz barreiras para que meus olhos não pudessem enxergar, pois aconteceu como no quebra-mar – minha atenção foi tomada sem que eu pudesse desviar o olhar. E sem o acaso, descobri que enxergamos demais onde não se pode encontrar de-menos. E sem o acaso, descobri que não é preciso promessas de um amor eterno: é preciso silencio para que a pedra possa ouvir o bater do coração da água todos os dias.